sábado, 24 de abril de 2010

1- Eu estava pensando na minha vida.

Acordei cedo, estava certa de que era cedo e, imaginando como seria o próximo dia após eu me arrumar e vestir minha roupa. Estava com uma pequena e simples dor de cabeça. Fiquei um pouco nervosa, primeiro porque amanhã era o início do segundo ano letivo, numa escola particular. Tinha passado um mês que o fim de minhas aulas do primeiro ano letivo acabaram, e eu sempre ficara nervosa nos primeiros dias de aula.
Meu pai, Oliver, morava na França, e eu vivia com minha mãe, Kristin, em São Paulo, na capital. Minha mãe era sempre cuidadosa, e tem um passatempo predileto: vigiar o quintal dos vizinhos e depois fofocar - no modo em que eu não esteja perto, é claro. Mais ela nunca assumia que era espiã. Eu sempre ria dela quando ela estava ali, na escada, sobre o muro, sorrindo sozinha, e quando ela me observava, dizia faltava encanamento em um dos muros, mais ela sabia que eu nunca acreditaria nessa conversa.
Chegou o próximo dia, em que eu iria para o segundo ano particular - e letivo. Me levantei e fui tomar banho. Depois disto, me arrumei, e logo após vesti minha roupa. Peguei meus livros e coloquei-os na bolsa, a antiga bolsa de mão que eu tanto adorava, de decotes rosas e um laço dourado.
Minha mãe ía me levar para a escola - mais sabia que eu não gostava de ir com ela. Primeiramente, porque em todos os meus primeiros dias de aula ela me guiava até a porta, mais agora acho que ela sabe que não sou mais um bebê.
Entrei no carro e coloquei logo o cinto de segurança. Minha mãe olhou para mim, com um sorriso enorme e enquanto eu retribuía.
- Estou meio nervosa. - fiz uma careta.
- Você irá se acostumar, querida - falou ela, saindo lentamente da garagem se cruzando a outra rua.
- Sim, eu espero. - sorri, enquanto partia para minha melancólica conversa.
- Nos primeiros dias de aula em escola nova a gente fica assim, todos ficam.
- É, só que meu problema são os novos amigos. - eu gemi.
- Não se preocupe, vai achar um monte deles, você sempre acha. - ela deu uma risadinha.
- Ah mãe eu não sei não, é uma escola particular. - olhei para minha mochila.
- Seu colégio e mesmo nessa rua? - Ela olhava pelo GPS.
- Acho que sim. - eu sorri.
Minha mãe nunca se lembrava das ruas e do numero do colégio, e este foi um ano em que ela conseguiu acertar tudo, pelo GPS ela sempre acertava, este era um motivo.
- Mãe, tem certeza de que colocou o caderno dentro de minha mochila? - falei. - Acho que me empolguei tanto que só coloquei os livros.
- Tenho certeza absoluta de que eu coloquei. - ela comentava enquanto cruzava-se a uma outra ruazinha que levou-nos ao estacionamento do colégio. Era uma escola simples e colorida, na qual todo mundo se movia e cochichavam.
Ela parou o carro.
- Tchau, comporte-se bem. - ela me deu uma piscadela.
- Tchau mãe. - sorri novamente, aliviada por ela não querer me acompanhar.
Virei as costas enquanto ela saia. Continuava procurando meu caderno enquanto caminhava até uma porta grande, em que ao lado havia uma placa com a letra bem descada, em negrito. Estava escrito: Sala de atendimento. Em alguns intantes, enquanto estava parada, procurando o tal caderno, um menino passou rapidamente ao meu lado, me empurrando.
- Desculpe, é que estou meio imcomodado com este dia. - ele sorriu, enquanto eu me avistava a um menino alto de cabelos loiros.
- Não é nada, foi culpa minha, eu atrapalhei sua correria. - falei, sorrindo e ao mesmo tempo com uma cara de ter dito uma frase ruim, péssima.
- Você vai até a sala 09? - falou ele, com um sorriso patético e lindo.
- Não, vou pra sala 14, mais pode me levar até lá? É que eu não conheço.
- É nova, não é? - sorriu novamente. - Desculpe a pergunta, é claro né!?
- Sim.
- Vai gostar daqui, estudo deste os 14 anos e nunca foi nada difícil. - debruçou os braços. - Me siga, por favor. - ele pensou que fosse meu inspetor, mais não. Sorri.
- Claro. - respondi, olhando para as pessoas que passavam ao meu lado.
- Desculpe não perguntar antes, mais qual é o seu nome? - ele olhava para mim.
- Julye, mais pode me chamar de Jully, e desculpas aceitas. E o seu? - observava ele sem perder nenhum momento sequer de seu andar.
- Me chame de Jay. - ele sorria. - Mudando de assunto, você toca algum instrumento musical?
- Não, mais eu queria. E você?
- Toco bateria.
- Hum, bela posição Jay, está no segundo ano?
- Sim, e ficarei aqui até o terceiro ano. - esclarecia ele, sorrindo.
- Eu também.
Ficamos em silèncio por uns minutos, e chegamos na sala 14. Quando entramos, parei ao lado de uma porta velha, com ele ao meu lado, sorrindo. Depois de dois segundos e meio, uma menina de óculos e baixinha parou na nossa frente.
- Desculpem, sou Daiana, será que podem me informar onde fica o toalete feminino? Preciso limpar meus óculos. - ela olhou fundo para o Jay.
- Fica no segundo andar a direita, com uma porta azul e grande. - disse ele, apontando para uma escada que levava ao segundo andar, pelo que me parecia.
- Obrigada. - falou ela, sorrindo. - Você deve ser a Julie.
- Sim, como sabe? - olhei seriamente para ela.
- Estou vendo no seu caderno. Tchau Julie.
- Tchau. - nesse momento, me perguntava porque eu não disse adeus.
Depois, ambos, eu e Jay nos sentamos, ele do lado esquerdo perto da parede lateral e eu do lado direito dele.
- Você não ia para a sala 09? - perguntei, sorrindo, não queria que ele penssase que eu estaria o ingnorando.
- Sim, mais decidi trocar.
- Ah sim. - sorri meigamente para ele. Obtemos uma pausa, e quando tentei falar algo mais para ele, apareceu uma menina, olhando para Jay, assustada. Ela era alta, bronzeada, de cabelos negros, longos e amarrados numa trança bagunçada. - OMG! - falou ela, olhando para Jay maravilhada. - Jay!
- Anne! - murmurrou ele, se levantando lentamente e abraçou a menina , beijando suas buchechas rosas.
- Senti bastante saudade. - falou Jay, tirando a mão da cintura da menina e olhando para ela.
- Ai, Jay, eu também senti saudades! Quase que morro sem você - falou ela, e deve ser por isso que ele estava tão apressado quando me empurrou, ou abarcou.
- Quero que conheça uma amiga. - murmurrou, virando-se e abrindo um enorme sorriso para mim. - Anne, está é Jully. - falou ele olhando calmamente e dolorosamente para mim. - Jully, está e Anne.
- Oi Anne. - falei, sem um pingo de felicidade no rosto.
- Oi Ju. - falou ela com uma cara amarrada.
- É Jully. - olhava para o lado, e sem nem menos querer olhar cara-a-cara com ela.
- Como percebeu, sou a namorada do Jay. - falou alto.
- Eu percebi, sim. - falei, embora não queria olhar, olhei seriamente para ela.
O professor chegou na sala, para minha sorte.
- Olá turma, sou o professor Juanes Campbell, bem vindos de volta, ou bem vindos a esta escola. Agora façam a gentileza de abrir o livro na página 394 - no mesmo instante Anne e Jay se sentaram, e eu acho que fui a primeira a abrir a página, obcecada com a falta de educação da Ana, ou como é mesmo? Anne.
No intervalo, fui para uma lanchonete beber alguma coisa, pedi um suco de laranja com limão e me sentei, - foi quando avistei novamente o Jay vindo na minha direção sem ninguém.
- Posso me sentar aqui, Jully? - perguntou ele educadamente.
- Claro. - eu deichei. - Então, cadê sua namorada? - sorria, sem felicidade alguma em meu sorriso.
- Foi procurar de uma amiga. - disse ele, sentando-se do meu lado.
- Que legal, e por quê você não foi? - continuei sorrindo.
- Não queria, então vim aqui... - percebi que ele necessitava-se de vim por algum motivo.
- Nossa! - Falei como a voz rouca e cara feia, ingnorando-o.
- O que houve? Antes você estava tão calma e alegre, agora está assim?
- Não foi nada, só estou com dor de cabeça.
Ele se inclinou e passou a mão nos meus cabelos como se fosse cafuné.
- Está ficando melhor?
- Bem melhor. - eu acho que no mesmo segundo a dor de cabeça falsa tinha passado.
- Tenho que ir, a Anne me espera, eu irei a outra sala. - ele se levantou e me deu um beijo no rosto.
- Tchau, Jay - eu estava mais alegre, ele saiu.
A outra aula foi chata sem o Jay. Eu senti a falta dele mais do que falta do suco - que eu me esqueçi de tomar assim que o ele apareçeu.
Minha mãe foi me buscar na hora da saída, e o Jay me deu um abraço e um tchau depois. Eu fui pra casa e passei quase o maior tempo da tarde e da noite pensando no Jay...

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